segunda-feira, abril 03, 2006

Dois Homens, Duas Vitórias

Era o fim da tarde de uma grande guerra entre dois povos. O campo de batalha já estava ensangüentado e cheio de defuntos quando alguns remanescentes desta matança mútua se emparelharam. Dois homens. Um senhor experiente e sábio, e um jovem destemido e perspicaz.

E começaram uma disputa de espadas e escudos como talvez jamais aquela terra marcada pelo sangue de combatentes já viu. Um jovem que a cada ataque buscava a vitória sobre seu dificultoso oponente; um senhor que a cada golpe desferido buscava suplantar suas dificuldades físicas devido ao tempo de sua vida. Uma real cena digna de enfoque durante toda esta guerra.

Foram momentos fortes. Tensos para ambos aqueles homens. Tão tensos, que quando notaram as trombetas do povo daquele senhor indicando que batessem em retirada, ambos se olharam e suas faces enegreceram. Ficaram com um olhar de que algo havia sido arrancado deles. Talvez, o direito de lutarem até a morte.

O jovem sabia do valor do seu oponente. Sabia que mesmo um velho homem, de ossos cansados pelo tempo, não se deveria subestimar. O velho homem sabia o valor de seu desafiante. Sabia que da coragem e determinação daquele jovem não deveria duvidar. E ambos entenderam o quanto eram pessoas abençoadas. Abençoadas por juntos, um ao outro, aprenderem que nem o mais simples, nem o mais forte, nem o mais violento, nem o mais rápido, nem o mais poderoso, nem nada, podem suplantar a vontade de um homem em buscar vitória nas suas batalhas.

Naquela batalha, ambos saíram vitoriosos. Mesmo sendo o povo do jovem que venceu a guerra. Mesmo o povo daquele senhor que foi subjugado.

* * * * *

Um casal estava feliz por viver uma história de amor. Se amavam, muito. Algo que vinha de dentro para acreditar que era para a vida toda. Algo que acreditavam que não haveria barreiras para os impedir de amarem-se.

Viviam algo inédito. Um amor que superava as modas e os prazeres que se viviam naqueles tempos. Um casal se importava em querer que tudo fosse diferente do que acontecia naquelas terras.

Desde que a guerra terminou, e o povo mais forte tomou posse de tudo, houve uma enorme onda de assalto às antigas famílias que existiam. Os guerreiros daquele povo vencedor tomavam a força às viúvas daqueles que morreram na guerra pelo fio de suas espadas. Mas no caso deste casal não. O jovem entendia bem que não era assim que deveria ser feito. E foi lutando contra um outro homem, do mesmo exército que o seu, para defender uma jovem donzela que nem viúva era, que ele encontrou aquela que seria a mulher que ele amaria, e que amaria a ele.

Naquela briga com o outro oficial de seu exército, fora da guerra, fora do campo de batalha, ele lembrou da luta que teve com aquele velho senhor durante a guerra. E notou que o oficial que queria abusar da pobre moça subestimou a sua juventude. De maneira curiosa, um adversário seu o respeitou, mas um oficial de seu próprio exército o subestimou. E pelo fio da espada daquele jovem o oficial com intenções maléficas para com aquela garota foi morto. E o jovem teve que fugir para outro lugar, para não ser julgado pelo seu próprio povo.

O resto da família daquela garota havia conseguido ir para um lugar distante. Já a jovem havia sido capturada tempos antes, e foi naquele momento que o rapaz resolveu que ambos iriam ao encontro da família dela, para pedir refúgio.

Tanto andaram e fugiram de seus perseguidores que um dia conseguiram os vencer pela determinação. Despistaram todos os seus algozes. Ao chegarem a casa da família daquela moça, era notável a alegria deles por verem a vida daquela que achavam perdida retornar dos calabouços daquele povo perverso para o seu lar.

Ao notar o agito a porta, o pai do fundo da casa saiu. E nunca esqueceria daquele rosto jovem daquele combatente que ele lutou no campo de batalha. Ambos estavam novamente se olhando no rosto. Dois homens, cada um de um povo, cada um de um lado da guerra, e se encontraram novamente, porém agora sem espadas nas mãos.

O pai daquela moça, que era o velho experiente senhor naquela guerra, estendeu a mão para o jovem rapaz. E o jovem rapaz o cumprimentou. O sábio homem sabia que tinha um valoroso rapaz a sua frente. E o fez tratar de saber que ele confiava naquele jovem para ser o esposo de sua filha. Confiava, pois mais que pela vitória, aquele jovem lutava por princípios. E assim, apertando a mão de um dos seus maiores adversários em toda vida, o jovem recebeu a mão da filha daquele homem em casamento.

Nunca subestimar a experiencia de seus oponentes, foi vitória para aquele rapaz. Nunca subestimar a determinação de uma pessoa, foi vitória para aquele senhor.

Comentarios: 1

Blogger eumatheus   diz...

Muito boa a reflexão.
Ah eu nuca lembro de destacar a mudança que teve no porta-papel hehehe...
Abraço cara

1:31 PM  

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