quarta-feira, março 08, 2006

Quanto vale a impressão amarga de um compromisso? Não sei dizer, mas eu só tenho sentido doces acontecimentos em meus lábios...

Era uma família nordestina. Destas assim, simples, sem muitas coisas a levar consigo. Certo dia, devido à fome que assolava seu povo, esta família resolveu ir para a cidade grande. E foram. Marido, esposa, e dois filhos homens.
O pai da família morreu, pelo que dizem de infarto, e o tempo passou. Os rapazes cresceram, conheceram certas mulheres da cidade grande, e casaram-se. Viveram juntos, todos, por uns dez anos.

Em certa época, novamente esta família sofria uma perda. Na verdade, uma não: duas. Indo trabalhar, o ônibus que levava os dois filhos daquela senhora viúva sofreu um acidente, e os dois morreram, junto a vários outros trabalhadores. Ficaram então, daquela família, as três viúvas: a sogra e as duas noras.

Nesta mesma época, ouviam-se boas notícias da terra natal daquela senhora, da qual havia se reestabelecido da fome, e agora haviam empregos e moradia para todos. Assolada pela desventura de perder toda a família naquele local em que vivia atualmente, e sabendo que estava sozinha de seus familiares, resolveu partir de volta para o nordeste. Suas noras resolveram ir com ela.

A sogra, porém, achou aquilo um engano. Mandou-as que voltassem para a casa de seus pais. Elas ainda assim insistiram. Novamente, a sogra impeliu que elas ficassem na cidade grande, pois ela mesmo não poderia dar para elas novos maridos, pois aqueles que morreram eram seus únicos filhos.

Uma das noras se despediu cordialmente da sogra e voltou à casa de seus pais. Já a outra, Rute, disse que ainda sim permaneceria com a sogra. A sogra novamente a disse para ir, assim como a concunhada. Com firmeza e determinação em seu coração, esta nora que se compromissava a ficar, disse:

“Não me instigue a te abandonar e deixar de te seguir. Onde você for eu vou; onde dormir, eu vou dormir ali também; o teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus. Onde você morrer, eu vou morrer ali também, e que eu seja sepultada neste mesmo lugar.“

De tão trágica a história desta senhora que perdeu a família toda, ao chegarem à cidade em que viveu por tantos anos antes de ir para a cidade grande, todos sabiam o nome daquela mulher: Noêmi
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Compromisso: porque essa palavra soa tão pesado para as nossas vidas?

É complicado entender o que nos faz fugir dos compromissos. Uma vez mesmo, uma garota falou a mim que estava angustiada com seu namorado, pois acreditava que ele iria em breve a pedir em casamento. Perguntei-a se gostava do rapaz. Disse-me que realmente gostava dele. Então, perguntei se firmar o compromisso seria ruim, e ela disse que sim, pois achava-se muito nova para casar. Dito e feito: o pedido de casamento veio; o “não” como resposta também; a frustração de um relacionamento que até ia bem; o fim de tudo.

Havia um rapaz que trabalhava em uma empresa como cobrador, visitando casa em casa, de moto, cobrando o valor dos serviços prestados por esta empresa. Nunca dava o sangue pelo trabalho. Achava que aquela profissão não era o que ele merecia. Não queria ser cobrador para sempre, e por isso não demonstrava mesmo muito compromisso com aquela função. Certo dia perdeu o emprego. O motivo alegado pela empresa foi justamente a falta de dedicação.

Outro rapaz, certa vez, estava em dúvida em qual vestibular iria prestar. Não sabia o que queria fazer. Passou num curso chamado “Biblioteconomia”, e por não saber previamente o que este curso era, não se dedicou, ao fim do ano reprovou, e desistiu daquela faculdade.

Pessoas perdem coisas boas por causa da falta de compromisso. Perdem oportunidades, às vezes únicas na vida, pelo simples fato de se acharem: despreparadas; novas; imaturas; melhores que o oferecido; incapazes de dar conta do recado; sem vontade mesmo; e outros tantos motivos. No fim, tudo se resume a não querer arcar com as conseqüências de uma decisão tomada.

O compromisso mesmo não é nada. O medo é de falhar com o que seremos, com o que dizemos, com o que prometemos. Temos medo de sermos apontados na cara com um belo de um dedo indicador e nos sentirmos os piores do mundo, só porque falhamos. Aí, entra até a falta de compromisso conosco mesmo, pois não somos aptos a assumir nossas próprias virtudes e méritos.

Aonde chegaremos, nesta vida, sem compromissos? Eu um dia tive a noção plena que a vida é formada por projetos.

Você quer comprar uma moto, vai montar um esquema de economia financeira. Largará um pouco de gastar com lanches e saidinhas no final de semana, vai economizar nos gastos supérfluos, e assim busca que lhe sobre o dinheiro para a aquisição da moto ao fim de um período. Isto é um projeto.

Você quer fazer uma faculdade que sempre teve vontade, mas atualmente não tem recursos para pagá-la. Então resolve fazer um cursinho, tentar uma pública, ou senão resolve fazer um curso técnico na mesma área, para já se adiantar do conhecimento que terá que obter na faculdade. Isto também é um projeto.

Você quer montar um fã-clube e um site sobre os BackStreet Boys. Resolve então que primeiro procurará fotos, depois reunirá tudo, vai escrever umas matérias sobre a banda e depois corre atrás de associados para o clube a fim de bancar os custos da hospedagem do site em um provedor. Isto, mesmo sendo uma coisa tosca, é um projeto.

Então, na vida, tudo que queremos fazer se resume em projetos. E projetos são compromissos. Se queremos algo, nos mudamos, nos alinhamos, nos melhoramos, a fim de que este compromisso aconteça.

Já para jovens, inclusive para mim mesmo, é difícil tomar decisões e compromissar-se com elas. Temos medo de falhar. Então, vamos assumir o compromisso conosco mesmo de assumir nossas falhas, e todos outros compromissos serão mais fáceis de aceitarmos e tentarmos cumprir.

Falhar é parte da arte de viver. Mas garanto, se você resolve tomar o compromisso de se assumir como ser humano, falho e passível de erros, é muito mais fácil lidar com os compromissos a mais que nos surgem a frente. Porque tantos jovens não vão à igreja? Pois tem medo de falharem, acreditando que quem é de igreja não pode ser falho. Outra coisa, é que se você resolve mesmo assumir os compromissos que lhe surgem à frente, você começa a ser recompensado. As pessoas pegam confiança em você. Olham para você como uma pessoa séria, de princípios e caráter. Vêem em você algo mais, que atualmente poucas pessoas têm. E com isso, confiam a você muito mais coisas do que você já pensou possuir ou controlar.

Sabe aquela garota, a Rute, do começo desta postagem? Ela depois encontrou um homem muito rico que gostou dela, na terra de Noêmi, e casou-se com ele. Se tivesse ido para a casa de seus pais, teria perdido esta baita benção! E em falar no conto, ele foi uma adaptação que eu fiz do início do livro de Rute, da Bíblia Sagrada, e recomendo que você leia, caso queira saber o que o compromisso gera de bom nas nossas vidas. É um livro curtinho! Comprometa-se a ler e leia! Vale a pena!

Quanto vale a impressão amarga de um compromisso? Não sei dizer, mas eu só tenho sentido doces acontecimentos em meus lábios...

Comentarios: 3

Blogger eumatheus   diz...

Ler teu blog me faz ter inspiração pra continuar a escrever textos, os seus me empolgam.

Sore a questão do compromisso que você se refere, me faz lembrar a palavra trazida pelo Pastor Ricardo sábado, quando ele diz que devemos sair da superfície e mergulharmos de cabeça na presença do Senhor, isso é um compromisso e tanto.

A dificuldade de encarar o novo, pra algumas pessoas pode atrasá-las, eu tenho tentado estar aberto as novidades...

Me comprometo a ler o livro de rute, apesar de já conhecer a história...mas foi bom ter esse desafio feito aqui.

Um grande abraço Rony...e viva nós os Blogueiros, um nome que tem se falado como nunca na Mídia.

Ateh +
Matheus

3:08 PM  
Blogger Conrad Pichler   diz...

Fala, Grande Rony!
Voltei a ler teu blog. É, andava sumido. Mas, cara, eu tenho a impressão que não estou lendo o blog do Rony que conheço, não, não é culpa sua... talvez seja minha, porque eu nunca mergulhei de cabeça na sua amizade, era "virtual"... dei até uma ou duas gafes, falando mais que a boca. Desculpa, cara. Acho que Deus tem um desafio e tanto para mim... e não é só em relação a leituras de blogs, mas em relação às pessoas, a mim mesmo e outras coisas...
Bem, acho que já movi o primeiro dedo.

Abraço!
Conrad

11:03 PM  
Anonymous Anônimo   diz...

Eu tenho um blog e queria saber se posso postar um pedaço do texto compromisso?
como eu acabei de criar meu blog eu queria uma ajudinha para escrever coisas bem legais de inicio!
espero a resposta
Abraço ,Raissa
http://blograahpinn.blogspot.com/

11:41 AM  

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