sexta-feira, setembro 01, 2006

O Centro do Universo

Todo ser humano quer acreditar que pertence a algo maior que si mesmo.
Todo ser humano quer deixar de ser borda da poeira cósmica e virar centro do universo.
Acreditar que cada coincidência tem um propósito,
Acreditar que o acaso é fato de um planejar misterioso.

No berço sentimos e apuramos este instinto.

Talvez vemos as pessoas ao nosso redor nos balbuciarem palavras como se fossemos a coisa mais fantástica do universo.
Todos nos cuidavam, todos nos amavam, todos queriam-nos.
Isso pra quem teve boas famílias.

Hoje não. Mães solitárias, pais omissos.
Ódio, remorso, rancor, arrependimento de ter concebido o feto.
A criança já nasce sem o direito a ser o centro do universo.

De duas uma, ou ela aprendeu a ser o centro do universo por amor, ou vai querer ser o centro do universo pela revolta.

Aí a criança vem crescendo.
Chega o adolescente no auge do amor ou da revolta.
E aí vêm problemas, por amar demais ou revoltar demais.
O que ele quer, é acreditar que pertence a algo maior que si mesmo.

Então, vira revolucionário, vira soldado, vira ator, vira músico.
Vira tudo que faça parte de uma classe.
Vira hippie, vira emo, vira cult, vira hardcore, vira jedi.
Vira tudo que pareça dar sentido de vida ao pó da borda do cosmo que somos nós.

Só não vira parte do próprio cosmo.

Um dia, eu deixei de olhar para as estrelas.
Um dia, eu parei de imaginar a imensidão do céu e do mar.
Um dia, eu me perguntei donde vem tudo isso, inclusive eu.
Ouvi um sonoro “olá meu amigo”, e conheci quem os criou.

E daí em diante, a cada dia, este criador vem falar comigo.
A cada dia Ele me mostra o quanto eu sou importante para o todo.
O quanto eu pertenço a algo maior que eu.
Eu pertenço a Ele.

E assim, a cada dia, eu levanto, eu olho, eu choro, em saber a verdade.
A verdade que sempre pude ser o centro do universo.
Bastava eu ter estado junto de quem está no centro.