sexta-feira, junho 02, 2006

Acho que nunca estarei preparado...

Eu não sei muito bem o que é ser adulto. Nem sei o que é ter um filho. Isso são coisas para quem tem sua própria família vivenciar. Mas eu tive dois irmãos. Dois jovenzinhos que entraram na minha vida um dia e me fizeram muitas mudanças em minha rotina. Vou falar de um deles um pouco...

Eu era apenas um menininho de uns 6 anos quando meu irmão Rodney veio ao mundo. Sei lá porque razão meus pais pensaram em ter outro filho. Eu nem me sentia sozinho! Eu gostava de estar ali, e essa de "irmão" para mim era algo desconhecido. Assim como ter um filho é hoje em dia para mim. Apenas uma suposição. Algo que eu via na pré-escola, mas não entendia muito bem. Bom, o molequinho veio, e me fez um dos irmãos mais felizes do mundo.

As vezes, eu discuto com ele. Hoje ele tem 17 anos, e foi uma baita mudança desde aquela época. Lembro-me que ele tinha não mais que 1 ano e meio, e eu corria com pelo quintal de nossa casa em Santo André, para cima e para baixo com o carrinho de bebê que ele usava, e me lembro que ele se esgoelava de tanto dar risada. Parecia se divertir e achar o máximo aquela brincadeira toda. Acho que foi a primeira vez que realmente descobri o que era ter um irmão. E lembro que eu, com meus 7 anos, e com aquele pouquinho de tempo de vida, nos divertimos muito. Mas, a noite, tive uma surpresa muito triste: ter brincado com o menino fez ele ficar muito agitado, e a noite, ele chorava copiosamente. Acordou a casa toda, e minha mãe ficou superpreocupada. Não me lembro bem daquela noite, eu era muito jovem, mas acho que ela me perguntava se eu fiz algo com ele, se eu tinha dado algo para ele comer... Falei apenas que corria com ele para cima e para baixo no quintal. Sabe, eu voltei depois para minha cama e lembro também que chorei muito por ter causado aquilo. Não sei se notei isso logo, mas vi que eu tinha uma grande responsabilidade com a vida daquele baixinho. As coisas que eu fizesse perante ele poderiam interferir na forma dele agir. Foi o que aconteceu naquela noite.

Outra coisa que lembro, e essa noite eu sei que foi Deus quem esteve com minha família, foi numa madrugada que acordei assustado com o barulho todo que se dava pela casa. Minha mãe parecia preocupada, meu pai também. Morávamos em Mauá já, e acho que ele não tinha mais que uns 5 ou 6 anos. Eu tinha uns 12. Ele estava sentado no chão do banheiro, roxo, e parecia doente. Minha mãe logo me falou: ele não estava respirando. Meu irmão, naquele momento, estava desprovido de uma coisa que eu e vc temos em abundância, sempre, e nos esquecemos de agradecer a Deus: o ar. Não tinhamos carro, e o hospital mais próximo era a muitos quilometros de nossa casa. Meus pais resolveram acordar algum vizinho para pedir socorro. Minha mãe pegou meu irmão no colo e com toda sua força o levantou e levou até a porta de casa. Me pediu para trancar a porta ao saírem, e eu lembro que estava muito frio do lado de fora de casa, ao abrir a porta. Neste momento, meu irmão tossiu, e voltou a respirar. Ele havia ficado uns 10 minutos sem respirar. Foi terrível. Me imaginei perdendo aquele baixinho para a morte. Imagino meus pais o que não pensaram também. Graças ao nosso bom Deus, nenhum remédio, nenhum médico, nenhum ato curou meu irmão daquele momento. Foi simplesmente a graça dEle.

Outra vez, nesta casa mesmo em Mauá, minha irmazinha, Ingrid, apareceu com o cabelo todo picotado. Foi mais ou menos na mesma época da parada respiratória do nosso irmão. Minha mãe perguntou para ela o que ela fez no cabelo, mas logo a resposta apareceu com uma tesoura na mão: meu irmão falou que eles tavam brincando de "beleleiro". Foi um sarro... Mas minha mãe foi levar depois a menininha para acertar o cabelinho numa cabeleireira de verdade.

Novamente, meu irmão em apuros. Outra vez, estavamos no centro de Santo André, e por um descuido de minha mãe, o menino sumiu no meio da multidão. Andamos e andamos quadras e quadras atrás dele. Eu não entendia o que estava acontecendo. Meu irmão sumiu! E eu via a aflição da minha mãe em procurar aquele menino. Andamos muito mesmo no centro da cidade, e foi perto da estação de trem do centro da cidade que fomos achar ele. Ele estava com uma outra senhora, que nos disse que estranhou ele com uma mulher que não parecia ser a mãe dele. Ela notou algo errado, e tomou o menino das mãos dela. Deus do céu... Para onde a primeira mulher que estava com meu irmão o iria levar? O que aconteceria com o menino? Acho que ninguém nota o real valor daqueles rostinhos em caixa de leite, aqueles rostinhos em emails que as pessoas dizem que é uma criança desaparecida. Eu também não notava, mas relembrando deste fato, me veio a mente como eu sou um banal mortal que também age assim, as vezes diminuindo as dores dos outros apenas por não as entender. Naquele dia, eu poderia ter perdido meu irmão para sempre.

Teve muitas outras vezes que eu senti como amava este meu irmão. E sinto que eu estarei preparado para um dia perder meus pais para o fim da vida aqui na terra. Mas, perder meus irmãos, acho que nunca estarei preparado. Assim, os amo, e as vezes nem falo por conta da correria do dia a dia, mas hoje eu queria dizer ao meu irmão Rodney, que eu o amo, e que mesmo a gente brigando, mesmo a gente sendo tão diferente. eu preciso dele.
Preciso de você, cara!

TE AMO, meu irmão RODNEY.
Deus sempre te abençoe, assim como sempre abençoou te livrando de tantas.
Sou grato a Ele pela Graça de te ter como meu irmão de sangue e de lutas.

Rony Gabriel

Ingrid, aguarda que logo é sua vez!

Comentarios: 2

Anonymous Anônimo   diz...

ai que lindo rony
voce irmãozão, consegue ser mais especial a cada dia

te amo taaanto
confia em mim, estou caminhando certo!
:*

11:34 PM  
Blogger L. Inafuko   diz...

olha q post lindo!!!
nossa, que lindo amor fraternal...
é de admirar
pena q minha vista ta um pouco cansada pra ler os outros
mas assim q der vou ler sim!!!!
mec, tu écris très très bien!
au revoir

que irmão vc tem hein
hauhauhauhauhauah
irmão mais velho é isso né
amar os mais novos,
protege-los

2:07 AM  

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